O amor é mudo.
Só retorna
o que gritamos.
Inventamos o resto.
Amor é a casa
em chamas
onde dormimos.
É a sombra
no vão da porta.
Chamas a fera
e ela vem
com dentes doces.
Tua boca na minha
meu fio de prata
partido.
Vigília no teu corpo
de carne e osso.
O delírio:
beijo teus lábios
com a boca
de todas.
Até que o fogo
nos revela
o único êxtase
que importa:
és meu vício
e minha absolvição
neste inferno
de brasas.