Olho alheio, meu polegar.
Fama: ácida.
É um elogio raso.
Ilusões de crédula
– homens, deuses, dias rosados –
hoje são pó na alma.
O vazio é preciso.
Arde tudo que é dourado.
Enlouqueci por método.
O desprezo é um brilho
que corta melhor.
Poeta: mão que afaga
com a mesma força que apunhala.
Casamento final: a rosa branca
e o sapo preto. Paraíso na terra.
Descobri tarde:
os anjos eram os demônios
mais interessantes.
A queda é meu dogma.
Por isso, no fim,
não peço perdão.
Sobre o prato da balança,
e que meu coração –
seja o último peso
que inclina o universo
para um lado só:
um lado liso, negro,
e absolutamente lindo.