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Réveillon


Vestimos nossos corpos para o abate —
lindas, ligadas, afiadas.
Ossos entoam canções de ano-novo.
Parecemos com rosas de açúcar
que murcham no ar do verão. 

Espelhos nos pedem o contorno,
o salão é um aquário sem água.
Passamos sobre losangos de luz
que se quebram sob a própria magia. 

Nossas pálpebras são de gelo fino,
veem o mundo em tons de desmaio.
Somos retratos que saem da moldura
em busca de um mundo vazio. 

Estas festas são um rumor de seda,
enquanto o matadouro aprende seu silêncio.
Somos o espetáculo que se consome:
beleza em estado de abandono.
Posamos até o adorno se dissolver —
lindas, à espera do próprio degelo.  

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